quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Sentimentos Pessoais


Um dia numa conversa de café combinei com um amigo escrevermos cada um uma história. Depois de algumas imperiais encontrámos finalmente um títuto comum - "Sentimentos Pessoais".

Eu cumpri a minha parte com o "escrito" abaixo. Claro que já passaram alguns anos e continuo à espera do outro texto, para juntar a este... Será que vai ser desta Nuno?


Esta, foi a viagem que iniciei há alguns anos atrás, passando por vários locais, sem nunca me fixar. Em alguns a visita foi demorada de forma a ver tudo, caso da Aprendizagem e do Conhecimento. Noutros as ruas eram tão estreitas ou estavam tão cheias que era difícil passar: a Razão, a Vontade, o Medo. Em alguns lugares demorei-me mais tempo, mas em todos eles faltava sempre qualquer coisa. Finalmente e sem saber como encontrei-me na Cidade dos Sentimentos.
Aterrei no Miradouro da Paixão e assustei-me!
Borboletas coloridas esvoaçavam sem parar; o barulho da música era ensurdecedor; as nuvens estavam tão baixas que me envolviam como de algodão se tratasse; estalavam foguetes por todo o lado; inúmeros copos com bolhinhas de champanhe - enfim, tudo tinha uma brilho tão intenso que mal conseguia abrir os olhos.
Quis ficar… pela novidade. Nunca tinha visto nada assim! Mas os mesmo tempo era tudo tão confuso…
Que Indecisão!… que fazer?
Foi então que me seguraram na mão e, deixei-me levar. Por ruas e ruelas tropecei, caí e levantei-me algumas vezes. Na Rua da Mentira, no Largo do Medo, no Beco da Indiferença, o piso era pedregoso e inclinado. Subi as Escadinhas da Felicidade, andei na Avenida da Liberdade ampla e plana e dobrei a esquina na Rua da Fidelidade para chegar mais depressa ao meu destino. Assim, com sorriso no rosto e uma mão presa na minha cheguei à Praça do Amor, onde tudo era calmo.
As cascatas de água refrescavam o ar, dos livros de poesia saltavam letras, falava-se em melodia, a música ecoava em sussurros, as mesas estavam repletas de iguarias várias, o vinho era adocicado e o calor que eu sentia dava-me Segurança. Então ouvi: “Esta é a Praça do Amor, vamos viver aqui? Claro que sim, respondei, tudo é perfeito!

E pensei que nunca mais sairia deste lugar... mas, enganei-me! Com o tempo a mão que desde a chegada a esta cidade estava presa na minha, afrouxou…e, deixei de a sentir. A música parou, as palavras poéticas fecharam-se nos livros antes abertos, da comida só restavam migalhas, começou a chover e eu senti frio.
Quis fugir, correr para bem longe. Quando parei exausta tudo era escuro, olhei para cima e vi escrito Beco da Solidão. Então desesperada chorei e, pensei de que me tinha servido toda esta viagem se não tinha conseguido permanecer no local escolhido. Deixei as noites passarem uma, após outra até que um dia levantei-me, tomei a Rua da Coragem, passei pelo Largo da Esperança, bebi água no Chafariz da Tristeza, sem nunca parar.
Algumas vezes tive vontade de desistir, mas nessa altura entrava nas lojas da Amizade e aí encontrava forças para continuar. Outras vezes sentava-me no Jardim da Experiência, junto ao Lago da Alegria e acreditava poder um dia com uma mão presa na minha, voltar a viver na Praça do Amor!

2 comentários:

Estrela do Mar disse...

Bom...muito bom! Somando todas as ruas, constrói-se a vida de cada um de nós...

Anónimo disse...

Nesta hipotética auto-estrada da vida há sempre derivações para podermos, porque merecemos, sermos felizes... Sê feliz. Parabéns pela linda forma de expressares sentimentos