terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

O melhor dos mundos possíveis


A semana passada fui ao teatro. Fui ver uma peça inspirada num livro que tanto me divertiu quando o li pela primeira vez, como hoje ao ver a vida da personagem transformada numa representação actual e dinâmica.
Cândido ou o Optimismo foi escrito em 1759, mas poderia muito bem ter sido escrito nos nossos dias, tal é a actualidade que encontramos no desenrolar de toda a acção. Tem guerras e devastação; disputas religiosas; traições e política.
Também naquele tempo Voltaire dizia que "em Portugal nada funciona"..., pois se até a corda destinada a enforcar o mestre Pangloss, não cumpriu a sua missão por estar húmida das chuvas torrenciais que abalaram Lisboa logo a seguir ao terramoto...
Mas o que mais me atrai nesta história é o facto da personagem principal, apesar de todos os males, infortúnios e desventuras que protagoniza (e garanto que são muitos), acreditar que tudo o que lhe acontece na vida é justificado e, de acordo com os ensinamentos de filosofia do seu mestre, por um nexo de causalidade do melhor dos mundos possíveis!


Embora acreditando que não há explicação lógica para tudo o que nos acontece, nem todos os acontecimentos vividos obedecem a um encadeamento natural, acredito viver no melhor dos mundos possiveis, pois é aqui que "existo" e "me sinto".

Colocando de lado as grandes palavras que descrevem sentimentos grandiosos, tento o caminho da simplicidade e vou aprendendo a valorizar aquelas pequeninas coisas que de tão simples e banais passam despercebidas, mas que quando acontecem iluminam a alma: um olhar de cumplicidade, um sorriso de satisfação, um gesto de concordância.

Presto atenção aos pormenores, pois são eles que fazem a diferença descobrindo todos os dias novas tonalidades no azul do céu, alterações no brilho do sol, mil um verdes das árvores.

Procuro ver o interior onde guardo memórias, outras recordações e algumas saudades, para poder reviver os bons acontecimentos passados.

Mantenho-me desperta para saborear, sentir, viver e às vezes (porque tem de ser) também sofrer, no melhor dos mundos possiveis: o meu mundo!




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