quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Amigo é assexuado?

Como estamos na era das comunicações virtuais, muitas das vezes as conversas acontecem por mail. Foi o caso desta, agora aqui transcrita:

Actualmente quem melhor pode testemunhar o papel de um homem na vida de uma mulher, somos mesmo nós os três.
Porquê? Porque temos três visões (realidades) diferentes de homens nas nossas vidas, a saber:
Felismina tem às vezes homem … ,e?... não se passa nada de importante;
Pancrácia tem um homem às vezes (nos últimos meses a tempo inteiro) e apesar do “formato” ser diferente, não se passa nada de importante além do outro “conduzir” para onde acha que deve ser;
Josefina por fim, tem homem a tempo inteiro, no formato mais comum, e?...quando precisa que se passe algo – de qualquer género – o melhor é ser mesmo ela a tratar de fazer acontecer.
Por isso quando se está carente o melhor mesmo é um(a) bom(a) amigo(a). Se der para deitar a cabeça, tanto melhor. Mas amigo(a) é assexuado(a).

Já lá vai algum tempo em que este assunto foi abordado, para ser retomado hoje ao almoço, chegando agora nós três a uma nova conclusão - afinal amigo(a) não é assexuado(a). Existem diferenças significativas de pensar, ser e estar entre o género masculino e feminino.
Ainda bem, porque é reconfortante saber que os amigos têm sexo, o que não é o mesmo que ter sexo com amigos.

Então que diferenças existem entre amigo(a) e namorado(a)?! Com o amigo (e agora o género é indefenido, para não estar sempre a colocar "a" no parentesis) conversamos, partilhamos experiências, trocamos banalidades, rimos, choramos, encantamos, desencantamos, acreditamos, sonhamos..., mas não há troca de fluidos do âmbito lascivo ou sexual.

No entanto e, apesar disso não esquecemos que o estar com um amigo é diferente do estar com uma amiga. Por muita intimidade e à vontade que exista, a amizade nunca é igual. Exactamente porque a bolinha com a seta para cima ou a bolinha com a cruz para baixo são intrinsecamente diferentes quanto ao género, podendo apesar disso ser iguais quanto ao tipo. O que eu acho maravilhoso!!!...que bom haver diferenças.

E agora chegámos a uma encruzilhada...se o amigo não é assexuado, o que é o namorado? Apenas o ser sexual?! Não me parece, porque namorado, companheiro ou whatever deveria ser aquele que para além de completar, renovar e utilizar a listinha acima mencionada ainda deveria acrescentar mais umas quantas coisinhas, daquelas boas que provocam formigueiro na barriga e respiração ofegante!

Um amigo dizia-me outro dia: fazemos tanto coisa juntos, só não fazemos "aquilo". Pois é, podemos fazer muita coisa juntos, sem fazermos "aquilo".

E se de repente ou não tão de repente assim, a casta e pura amizade se envolve numa luta corpo a corpo e muito suor à mistura?! Como ficamos depois de despir a roupa, com quem já havíamos despido a alma? Com quem conhece e aceita o nosso lado lunar?

Acaba a amizade e fica o sexo? Impossivel, porque o sexo nunca existiu sozinho.

A amizade passa para outro estágio mais preenchido e interessante? Ou não acontece nada disto?!...que complexas são as relações humanas.

Se a amizade for séria e dura não pode acabar, digo eu, porque sou optimista. Porque se a vontade de se darem também desta nova forma for sentida, o relacionamento só pode ficar mais forte e duradouro. Ainda assim nunca se sabe..., porque cada vez tenho mais dúvidas, daquelas grandes e existênciais. Um dia destes hão-de passar...acho que estão relacionadas com a idade!!!


sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Como ganhei um hóspede!


Chamada por alguns de traiçoeira, acho maravilhosa a língua portuguesa exactamente por ter quase sempre vários significados para uma mesma palavra.
Depois a informática criou ferramentas que nos permitem de uma forma mais rápida e, sem recorrer ao dicionário, chegar a esses significados, aumentando as nossas possibilidades de escolher a palavra certa para caracterizar uma determinada situação.
Claro que também nos permite ir mais longe e divagar à volta dessa mesma palavra. Pois... é assim que fica mais rica a nossa escrita!!!!!

A palavra de múltiplos significados para o dia de hoje só poderia ser hóspede. Por ter sonhado esta noite que estava hospedada num hotel ou por alguém ter estado em minha casa por uns dias?

O hotel do meu sonho era escuro, com espelhos em vez de portas, o que me dificultava encontrar as saídas e entradas. Boa matéria de estudo para um psicólogo, sem dúvida.
Se estivéssemos ainda nos primórdios da psi a solução era a auto-análise que sairia enviesada, distorcida e “a posteriori”… com pouca matéria para uma verdadeira conclusão. Ora ainda bem, porque não quero mesmo chegar ainda ao fim.

De acordo com os significados mais usuais, para hóspede encontrei visita, comensal, turista e peregrino…, de todos estes o turista fica excluído e o peregrino também não se enquadra no contexto. Se formos mais longe nos significados encontramos estranho e alheio e se de certeza não é um estranho, garantidamente também não é alheio. Agora estava mesmo a precisar de um dicionário de antónimos, senão já não sei que hei-de escrever… Calma, sobraram duas palavras: visita e comensal. Sendo que quem fica não é visita, então só pode ser comensal. Além disso comensal é uma palavra bonita.

Chegou de repente, um pedido por mail, que de início pensei tratar-se de mais uma brincadeira. Percebi depois que o pedido era sério, feito num impulso pensado, segundo as suas próprias palavras. Apenas uns dias de pernoita.

Franquei-lhe a porta de minha casa e socorri-me do dicionário para o hospedar, acolher, receber, abrigar, albergar, agasalhar, alojar, acomodar, admitir…

Não impus regras e tacitamente aceitei as suas condições de partilha de espaço, conveniência e convivência. Por uma semana e meia a vida foi diferente neste singelo terceiro andar. Afinal havíamos ganho um hóspede!!!

E, porque tudo o que é provisório, não pode ser definitivo...chegou ao fim dos dias reconhecidamente agradecido e com vontade de partir, ou não (agora já estou a inventar!!!), mas acredito ter sido uma boa senhoria. Pelo menos fiz por sê-lo. E, até gostei de partilhar este meu espaço.