segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Derivações de uma insónia

A noite é misteriosa, imovel, sensivel, vagarosa, mas também voluntariosa, indolente e silenciosa. À noite há mais tempo para sonhar, mas também para pensar..., escrever... sei lá! 
O pensamento leva-me até aquelas noites quentes, voluptuosas, encantadas, envolvidas em abraços perduraveis, beijos profundos, desvarios memoriaveis, palavras perfeitas. Depois devolve-me a lembrança de outras agitadas, trocistas, irrequietas onde tudo acontece em sequência, sem marcação  e vontade próprias...como se de uma tira de banda desenhada se tratasse.  Vêem-me ainda à memória aquelas outras noites calmas, ternas e cintilantes, iluminadas apenas pelo brilho das estrelas, onde o estar e o ser se confundem numa fusão de palavras, gestos e sentidos. É noite e, sinto a tua ausência na pequenez da palma da mão, como a tua presença na imensidão da alma. Estamos acordados ou apenas aprisionados num sonho interminavel  com receio de sair para esta fragil realidade? Ou sonhamos apenas a verdadeira realidade para voltar a adormecer num sonho doce e apaziguador de noites brandas?
Afinal falar de noites é quase o mesmo que contar carneiros... porque no final sempre adormeço nos teus sonhos.