domingo, 20 de setembro de 2009

Regata no Tejo

A manhã avizinhava-se sombria face ao dia de anterior, mas para meu espanto o sol brilhou desde cedo! Sim, que para navegar é preciso madrugar...
Partimos de Lisboa num autocarro, rumo a Cascais. Pequeno almoço na marina, constituição das equipas, mais umas instruções de segurança que ser marinheiro não é uma coisa para qualquer um!...ah, pois não é! (ehehehe). E eis-nos leves e soltos a bordo de um fantástico veleiro.
A competição era séria ;) e cada um torcia o mais que podia para que o vento lhe fosse favoravel, pois nenhum vento sopra a favor de um barco que não tem porto de abrigo. Cedo percebemos que não íamos chegar em primeiro, devido às características do nosso barco, conforme nos foi explicado pelo timoneiro, comandante e homem do leme. Iça vela, corre corda, ata nó...lindo!!!
Depois da pequenina azáfama da partida, deixei encostar e fui curtindo a paisagem, o sol e o mar embalada pelas ondas do Tejo das caravelas das ninfas e golfinhos de outros tempos (menos poluídos). Como é linda a costa vista do mar para terra, no trajecto de Cascais a Lisboa. Foi uma emoção passar por debaixo da ponte 25 de Abril. Aliás é sempre uma emoção andar de barco, nem que seja num cacilheiro. O azul do mar, a espuma das ondas fascina-me e encanta-me. Por vezes penso como seria fantástico meter-me num barco e fazer milhas e nós (será esta a linguagem de marinheiro?) sobre as ondas..., quem sabe um dia farei?!!!...uma aventura em alto mar, traçando rotas de sucesso.

Mas ainda não foi desta vez, pois o almoço esperava-nos e foi sem sobressaltos que chegámos ao cais.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Pessoas certas, histórias erradas?...

Todos nós seres humanos esperamos encontrar a pessoa certa para nos salvar, não do mundo quando este se revela hostil, mas apenas de nós mesmos.
As histórias da nossa infância falam-nos disso - é o príncipe que desperta a bela adormecida; o outro príncipe que liberta a Rapunzel; e ainda o outro que anda de sapato na mão à procura do pé ideal. Enfim, histórias erradas, perdão! encantadas que preenchem o universo infantil e, não passam disso mesmo!!!
Claro que é facil ser-se a pessoa certa..., pois não tem de se ser perfeita, embora eu esteja muito perto da perfeição (eheheheh). Erra-se, tenta-se emendar, volta-se atrás e pede-se desculpa, fazendo por se ser melhor em permanente crescimento.
E crescer é tornar-se diferente, por vezes desiludir, mas também surpreender, sem criar a ilusão no outro do que não se é, nem se deixar enredar no que querem que sejamos.
Ser a pessoa certa é manter a sua individualidade carregada de 4 variaveis fundamentais: herança genética, contexto sócio-familiar, experiência vivida e o potencial de cada um actualizado ao dia.
A pessoa certa não tem medo de falar dos seus afectos, não teme julgamentos e evita discussões infantis.
Claro que esta atitude construtiva não se compadece com pessoas erradas, pois estas não sobrevivem à assertividade e ao facto de sermos simplesmente nós, a tentar melhorar numa contínua aprendizagem.
A realidade diz-nos que as pessoas certas esperam-se e encontram-se, porque a felicidade não está em procurar a pessoa certa, mas sim em tomarmos consciência de que somos a pessoa certa para alguém...sou feliz!!!!

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

O meu deserto

Todos temos um deserto dentro de nós. Uns conseguem encontrar o seu oásis; outros não.Esta ideia ocorreu-me na sequência da leitura do livro de MST.

Vasculhei as minhas memórias e recordei o privilégio que foi há alguns anos atrás ter atravessado um bocadinho de deserto montada num camelo, quando da minha viagem ao Egipto.

Ainda hoje experimento a mesma emoção, de quando me vi rodeada de toda aquela imensidão de areia. Foi fantástico e grandioso, porque o deserto tem uma mística jamais encontrada em qualquer outro lugar...disso eu tenho a certeza!

A calma que nos invade a alma, sem a noção de príncipio ou fim é única. É também por isso que a solidão que ali se vive tem tanto de grandiosa como de saborosa, por nos sabermos um minúsculo ponto no meio de tamanha incomensurabilidade (só uma palavra deste tamanho consegue reproduzir a verdade...eheh). O deserto abriga uma riqueza de vida que normalmente permanece escondida e, sem sabermos como, se revela aos nossos olhos e, nos invade.

Não encontrei nenhum oásis e finalmente descubro que somente no deserto da balbúrdia da cidade e dos pensamentos é tão necessário encontrar um..., porque no deserto de areia eles não fazem falta!

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

terça-feira, 28 de julho de 2009

Férias, férias e mais férias!!!

Estar de férias é ma-ra-vi-lho-so. E, eu estou! Logo eu sou maravilhosa. Eeheheh...pareceu-me bem este silogismo de viés, até porque ambas as afirmações são verdadeiras.
Acabaram as aulas, os exames e trabalhos, por enquanto. Estes dois últimos (exames e trabalhos) não foram tão longos como o semestre inteiro, mas foram sim mais trabalhosos e exigentes...irra, que nunca mais acabavam, mas o resultado final foi muito bom e valeu o esforço, pois este semestre foi um pleno de 5-0, com as cadeirinhas todas prontas (estou uma verdadeira marceneira). Pela primeira vez na faculdade, vi um 18 e um 19, à frente do meu nome e, gostei muito. Não sou marrona não sinhor, sou sim muit 'intaligente...lol.
Mas em vez de estar sentada ao computador a divagar sobre as férias e os resultados estudantis alcançados, vou mas é curtir as férias!!!...que são sempre curtas.
Até breve :)

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Soulmate


Soulmate é o termo usado para designar alguém por quem se nutre sentimentos profundos e com quem se tem afinidade, amor, intimidade, sexualidade, espiritualidade e compatibilidade (Wikipédia, 2009).

Nunca procurei essa alma-gémea porque não me pareceu até hoje que existisse uma, para cada um de nós..., mas agora que sei que estou errada, percebo que me tenho contentado com migalhas (algumas bem saborosas, é verdade, mas não deixam de ser migalhas) quando posso ter uma tarte de limão merengada inteirinha para mim!!... Não me parece nada bem. Mas de repente e, não mais que de repente!...EUREKA!!! Na realidade só não encontrei a minha alma-gémea, a minha outra metade, o meu cavaleiro andante, ou lá como se chama, apenas porque tenho andado demasiado ocupada para ter reparado nele.

Mas a partir de hoje, tudo está diferente e, de certeza que encontro alguém que tenha toda uma miscelânia de coisas boas comigo (porque isso é cumplicidade), me ache fantástica e maravilhosa (porque eu sou), me faça boas surpresas (porque eu gosto), me ame com respeito (porque eu mereço), me deixe animar a sua alma (porque eu quero).

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Momento


Há coisas fantásticas, coincidências ou sincronismos incontestaveis...e, todos acontecem no momento.
Mas também há palavras malditas, gestos com defeito e situações desagradaveis que estragam o momento.
A eternidade cabe naquele momento em que o acontecimento fica gravado para sempre na nossa memória.
Mas também no momento se perde a oportunidade de vibrar com alguém que nos escolheu para o partilhar, só por não ouvir o telefone tocar.
O medo assalta-nos no momento; a vontade desperta-nos no momento; a alegria é aquele momento!
De momentos são feitas as grandes coisas, mas também as pequeninas, porque o momento é aquela medida de tempo que se traduz pelo instante e num ápice. É sempre curto, único e irrepetivel, mas nos momentos importantes o seu significado prevalece para além da duração.
A vida é a soma de todos os bons momentos vividos, recordados, amados, mas também de todos os momentos inutilizados, despediçados e gastos, por isso é preciso cautela e não reciclar maus momentos em troca de outros maravilhosos.
Hoje tive um momento fabuloso e, foi também num momento que o principezinho descobriu como a sua rosa era tão importante!...

terça-feira, 30 de junho de 2009

Leveza...

Hoje apetece-me falar de leveza, talvez para ver se me liberto deste peso que sinto cá dentro e, para o qual não encontro explicação.
Recorri ao dicionário (porque adoro fazer este exercício) e, encontrei todos estes sinónimos para leve : imponderável, brando, delicado, suave, ligeiro, ténue, subtil, harmonioso, frágil, flexível. Temos de concordar que se os juntarmos todos em porções diferenciadas conforme a nossa vontade, atingimos um cocktail de “quase” perfeição. Depois há que ter cuidado, não se vá estragar… a conservação é uma parte importante da tarefa.
Maria Rita, a filha de Elis Regina, disse num concerto a que assisti há uns tempos, que a coisa mais importante que recorda da mãe, foi ela desejar que a vida lhe fosse leve.
Evidente e, se calhar por razões de vida diferentes, é o que todos almejamos - leveza para cada minuto dos nossos dias. Também acho que é assim que tudo deve acontecer, porque é a única forma possível para algo fluir em harmonia e equilíbrio, sem diques e sem regras impostas…
Ser leve é uma forma de estar à vontade com nós próprios e com os outros e ao sentirmo-nos assim, expressamos emoções. Só mostrando o que cada um de nós sente perante determinada situação é que vamos aprendendo a conhecer no outro o que o toca, o impressiona, o fascina, o irrita, o deixa indiferente e o torna interessante aos nossos olhos. Parece-me uma receita simples para um cozinhado soberbo, então porque não experimentá-lo???

sábado, 20 de junho de 2009

Madrugada

É noite,
na solidão do quarto
procuro-te.
Sinto a tua na minha pele,
abraço o teu cheiro,
respiro o teu sabor.
Na ausência do teu corpo
construo-te em abraços,
invento-te com beijos,
pressinto carícias.
No desejo da tua alma
acaricio o sono suavizado
pela madrugada
que desponta
nos teus braços.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Um amor platónico


Ela ainda usava soquetes e conhece-o no autocarro a caminho do colégio. Do ver-te ao amar-te foi obra de um instante. Ele sentadinho no seu lugar nem deu pela presença dela no primeiro dia, nem nos outros todos que se seguiram... Mesmo assim ela não deixou de sentir um "amor profundo" por aquele rapaz com olhar tímido que frequentava o mesmo autocarro. Com o passar dos dias descobriu que moravam na mesma rua e, lá se punha ela à janela, tal e qual a carrochinha na esperança de que o seu João Ratão levantasse os olhos do chão e olhasse para ela..., mas ele não levantava e, passava no passeio indiferente à sua presença.
Muito sofreu do alto dos seus 13 anos, imaginando cenários e, construindo sonhos para aquele dia em que finalmente falassem. Depois pensava que um amor assim à distância, só poderia ser verdadeiro e digno de um romance de Corin Tellado. Porém e, apesar das adversidades a esperança mantinha-se acesa, pois haveria de acontecer o dia em que ele daria conta de todo aquele amor ingénuo e puro que lhe era destinado. Os dias passavam e qual quê, o rapaz mais velho e mais vivido nem reparava na imberbe menina que se sentava amiúdes vezes ao seu lado na viagem matinal de autocarro. Durou quase um ano sem incentivo, ou algo que o justificasse, mas ainda assim durou.
Quantas vezes pensou dirigir-lhe palavra? Muitas, mas a timidez da idade nunca lho permitiu..., até que um dia as suas amigas a convidaram para o bailarico do bairro, na noite de Santo António. Contente pela sua primeira saída nocturna lá foi ela e, supresa! o seu príncipe encantado também lá estava. Como se começaram a falar ela já nem se recorda, mas não se esqueceu que foi nessa noite que o seu amor morreu e, o príncipe virou sapo na obra de outro instante.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Um concerto fantástico

Quando vou ao encontro de música desconhecida, sem qualquer expectativa, ganho excelentes surpresas. Foi assim com o concerto da Buika na Guarda, voltou a ser assim com o concerto do Andrew Bird na passada segunda-feira.
Nunca tinha ouvido nada dele, nem sabia que tipo de música ía ouvir, mas confiando no gosto musical do Cláudinho lá fui para mais uma aventura musical e,... valeu bem a pena escutar este passarinho. Tal como abriu o concerto dizendo "Nice to meet you", também para mim foi muito bom conhecê-lo e, à sua música: uma voz doce, um assobio melodioso, um violino virtuoso, uma guitarra melódica e um xilofone vibrante.
Depois o cantor demonstrou sempre um à vontade em palco ao improvisar, corrigir acordes, recomeçar de novo, entregando-se totalmente ao acto de criar tão boa música. As luzes do palco intimistas e muito bem enquadradas fizeram deste concerto um momento inesquecivel. Depois de dois encores o "pássaro" voou até ao foyer onde autografou cd's e, eu tenho um, com o meu nome juntinho ao dele, por isso único!!!

terça-feira, 14 de abril de 2009

Mudanças


É a vida que nos muda quando deixamos de sentir seja o que for, por algo que noutros tempos nos levava ao rubro da emoção?! Mudamos nós sempre que experimentamos exaltação com algo que antes, de tão trivial nem tínhamos dado conta que existia?!
A mudança ou transformação, de acordo com minhas as fontes consultadas, pressupõe uma alteração de um determinado estado, modelo ou situação anterior, para um estado, modelo ou situação futuros, por razões inesperadas e incontroláveis, ou por razões planeadas e premeditadas.
Pode representar um perigo, mas também uma oportunidade. É essa surpresa que altera a rotina aos nossos dias; que nos permite ter novas expectativas; que nos dá novas esperanças; que nos deixa ter novas experiências, que faz o sonho tornar-se realidade. Claro que as mudanças também exigem de nós um esforço suplementar..., mas ainda assim é bom mudar!!!
Para os mais cépticos e conservadores por vezes o mudar significa ficar tudo na mesma, se bem que nunca fica, por mais ténue que seja a mudança.
Mudamos por nós, mas também mudamos com os outros e pelos outros. E se não estamos bem o melhor que temos a fazer depois de todas as mudanças, é mesmo mudarmo-nos. Mesmo inconscientemente a vida vai-nos mudando e, nós fazemos-lhe o mesmo ajustando-a aos nossos interesses.
Por vezes um acto corajoso, ainda outras um acto de cobardia, a mudança é movimento e o movimento essencial para se viver em plena transformação. E quando a mudança corre mal, podemos sempre voltar a mudar...

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Paris, oui j'aime Paris...

...e, o mais engraçado é que tenho ido a Paris todos os anos terminados em 9: a primeira vez na passagem de ano 88/89; a segunda foi em 99 e no passado dia 20 de Março, pela terceira vez, ao princípio da noite chego novamente à cidade da luz!!!!

Foi apenas um fim-de-semana, que me deixou cheia de vontade de voltar mais vezes, para mais um bocadinho...
Para além da exposição do Andy Warhol, pioneiro da pop art, patente no Grand Palais, o que mais me entusiasmou foi TUDO: a maravilhosa companhia dos viajantes; a visita aos famosos nenúfares de Monet na Orangerie; o caminhar à beira do Sena com o Museu d'Orsay em plano de fundo; o cappucino durante a tarde no Jardim das Tulherias, a passagem pela maravilhosa Ponte de Alexandre, a torre Eiffel desde o anoitecer até ao seu brilho cintilante que acontece às horas certas; o Arco do Triunfo, com os seus altos-relevos de homens nus misturados com guerreiros (pergunto-me o que farão os homens nus numa cena de batalha?!); o jantar chez La Mère Catherine (fundado em 1793) na Place du Tertre, em pleno Montmartre com os seus tradicionais artistas de rua; o andar no metro; a visita matinal ao cemitério Père Lachaise; o dar de comer aos pombos no jardim do Palais Royale; o jantar na Taverne em St. Germain des Près; o Hotel de Ville e a Conciergerie iluminados à noite; a animação nocturna na Bastilha; o croque monsieur que nos serviu de jantar no dia da chegada; a viagem do aeroporto à cidade; a viagem de funicular até ao Sacre-Coeur e a animação na sua grande escadaria; o café de domingo nos Champs Elysées; as lojas da Île de St. Louis onde degustámos um fantástico patê e o melhor gelado de Paris, da casa Berthillon; o mercado das flores e dos animais nas margens do Sena; a catedral de Notre Dame e os seus 400 degraus que nos levam ao sino que Quasimodo tocava, as gárgulas e outras figuras demoníacas e míticas que enfeitam as suas varandas, e de onde os nossos olhos se deleitam com as vistas de 360º sobre esta encantadora, charmosa, envolvente e surpreendente cidade!!!

segunda-feira, 16 de março de 2009

Aprender a ser feliz


Ao fim de tantos anos a aprender a ser feliz, incluo no meu curriculum académico uma cadeira que dá pelo nome de Psicologia Positiva.

Que excelente forma de começar a semana...Pois é, às 2ªas feiras lá estou durante 4 horas a escutar atentante como transformar os dias cinzentos do desalento, em dias coloridos, harmoniosos e vibrantes.

Há já alguns anos que sei não haver fórmulas mágicas de felicidade! Como poderia haver se o que me faz feliz a mim, não terá o mesmo efeito sobre outra pessoa. A felicidade é algo que buscamos do lado de fora, mas que na realidade está cá dentro: às vezes latente, outras adormecida, ainda outras esquecida e nos piores caso ignorada...

Por isso existem cursos que nos ensinam a valorizar e descobrir o que nos faz feliz!!!!
Por isso se escrevem livros a lembrarem-nos de como se deve fazer!!!!
Claro que dá trabalho, pois viver não é um acto simples, antes pelo contrário. Requer muita concentração, devoção, verdade e compromisso, aliás como todas as coisas que valem a pena.

Descobrir estes ingredientes certos, deu-me uma paz e um bem estar inexplicaveis. E é tão bom sentir-me assim que só me apetece cantar: Viva la vida!!!

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Sobre o amor

Enquanto não superarmos a ânsia do amor sem limites,
não podemos crescer emocionalmente.
Enquanto não atravessarmos a dor de nossa própria solidão,
continuaremos a nos buscar em outras metades.
Para viver a dois, antes, é necessário ser um.

Fernando Pessoa escreveu e, eu acrescento que, efectivamente
só alguém inteiro e completo é que não tem medo de:

dar
receber
retribuir
entregar
esperar
escutar
partilhar
ousar
amar

De seguida escuto a Mafalda Veiga em "Cada lugar teu":

Sei de cor cada lugar teu
atado em mim, a cada lugar meu
tento entender o rumo que a vida nos faz tomar
tento esquecer a mágoa

guardar só o que é bom de guardar

Pensa em mim protege o que eu te dou
Eu penso em ti e dou-te o que de melhor eu sou
sem ter defesas que me façam falhar
nesse lugar mais dentro
onde só chega quem não tem medo de naufragar


Fica em mim que hoje o tempo dói
como se arrancassem tudo o que já foi
e até o que virá e até o que eu sonhei
diz-me que vais guardar e abraçar

tudo o que eu te dei

Mesmo que a vida mude os nossos sentidos
e o mundo nos leve pra longe de nós
e que um dia o tempo pareça perdido
e tudo se desfaça num gesto só


Eu vou guardar cada lugar teu
ancorado em cada lugar meu
e hoje apenas isso me faz acreditar

que eu vou chegar contigo
onde só chega quem não tem medo de naufragar


quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Fernando Bragança Gil (1927-2009)


Falar do Fernando é uma tarefa duplamente dificil... não só pelo sentimento da perda, mas por temer não conseguir transmitir em palavras a emoção de todas histórias que comigo partilhou, das conversas que tivemos, das viagens que fizemos e da muita cumplicidade que havia entre nós. É verdade mãe, não era contra ti que nos uníamos, mas por ti, senão as pequenas disputas perdiam toda a graça. Não tenho dúvida de que a minha mãe e o Fernando com todas as suas imperfeições, eram o casal perfeito, que se completava e complementava. Era fantástico vê-los e ouvi-los a trabalhar nas tardes de domingo.

À medida que vou escrevendo, descubro que afinal é tão facil falar do meu padastro - essa pessoa fantástica, com quem tive o privilégio de privar! Aos 80 tinha a vontade de viver de um garoto, o entusiasmo de um adolescente e o conhecimento dos sábios e, sempre recusou considerar-se velho (claro que só podia, pois na realidade o Fernando nunca foi velho, apenas tinha mais alguns anos). Recordo o quanto aprendi com ele sobre história, literatura, música, viagens e ciência, porque verdadeiramente o Fernando era "sempre" um professor e divulgador. Adorava explicar, ensinar, divagar e qualquer pessoa ficava presa às suas palavras simples e, vibrantes. Disse-me muitas vezes que não sabia o que era ter um "trabalho" porque aquilo que fazia, nunca o considerou como tal, pelo prazer e paixão que lhe dava.

Sinto tantas saudades do seu riso franco e da sua exuberância. Das suas fúrias quando falavam mal o português na televisão, ou o escreviam errado nos jornais. Claro que não era uma pessoa comedida e, parte do seu encanto residia nessa particulariedade. Demasiado rigoroso e exigente com tudo, a idade trouxe-lhe alguma condescendência e muita paz, escasseando as "explosões", mas mantendo fidelidade aos seus "ódios de estimação". Para além de tudo isso espalhava charme à sua volta! Uma vez fomos ao teatro ver Copenhaga, uma peça sobre físicos. Durante o intervalo no foyer, algumas ex-alunas vieram cumprimentá-lo. Escusado será dizer que já só o largaram quando o intervalo terminou.

Lembro também a inauguração do Museu de Ciência e o envolvimento e emoção vividos e transmitidos a todos que com ele privávamos. Tanto, que passados uns tempos, a minha filha, sua neta do coração, na altura com seis anos, foi ao Museu em visita de estudo e, claro que não se cansou de dizer a todo os colegas de escola que aquele era o museu do avô.

Se é verdade que as pessoas que amamos nunca nos deixam, bem haja por continuar presente na minha vida!


terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Exames, estudo e afins


Ufa, ufa, ufa... já fiz dois exames, entreguei um trabalho e?! E, estou estafada! A vida de estudante dá cá uma trabalheira...

Semana que vem mais uma oral e depois só volto a ter exame em Fevereiro. Sim, que acredito piamente ir obter bons resultados nos exames que já fiz, por isso para a 2ª época guardei uma chaise longue do 1º ano!

O primeiro semestre foi rápido e indolor: dois trabalhos, uma experiência na qual fui cobaia e uma pergunta de resposta complicada como convém, que tinha a ver com estereótipos e me valeu um mísero 12, com 50% do objectivo da cadeira cumprido. Os outros 50% são o resultado do trabalho de grupo sobre Tomada de Decisão (In)consciente.
Que comportamentos aditivos estes que os falam do prazer imediato, de agonistas e antagonistas e mais não sei quantas substâncias terminadas em "ina", como benzodiazepina e coisas que tais a fazerem efeito sobre o neurónio da dopamania.
As férias só são mais dolorosos porque é preciso estudar, estudar e, desse estudo conseguir que alguma coisa fique na cabeça, para depois o reproduzir convenientemente. Os neurotransmissores a trabalharem afincadamente para um potencial de acção como convém. Ai, ai que as sinapses estão a ficar tontas com tanta informação...neuropsicologia a quanto me obrigas!


sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

A sustentavel leveza de 2009


E pronto cá estamos nós em 2009... ano novinho em folha, à espera de ser vivido e acrescentado à estória de cada um de nós!

Inevitavelmente todos desejamos que no início de um novo ano, por qualquer arte mágica todos os erros que cometemos até agora se limpem com uma esponja e, tudo o que está menos bem se altere com pós de prelimpimpim, mas claro que isso não vai acontecer. Depois do fogo de artifício extinto, os sms enviados, os telefonemas de felicitações e a euforia das festas é importante parar para reflectir nos desejos formulados. Depois, podemos mudar ou simplesmente continuar, desde que saibamos que cada dia é único e irrepetivel, cheio de cada uma das potencialidades com que o estamos dispostos a viver.

Fazer desejos para o novo ano é salutar, mas se o crescimento não for interior, se a vontade não existir, se o amor não guiar os nossos actos, podemos viver milhões de anos que não conseguiremos tornar melhor um dia, quanto mais um ano!
Eu sou crente no ser humano, por isso acredito que este ano terá mais dias brilhantes, muito riso e poucas lágrimas, porque cada um de nós vai ser responsavel, por prestar mais atenção ao outro, por estar mais disponivel para o que é importante, por tentar tornar melhor os seus dias e os das pessoas que estima...
Eu vou fazer a minha parte desejando que em 2009, a vida nos seja leve!