Nasci e vivi no Alentejo até aos 10 anos. Estremoz é hoje a mesma cidade calma e luminosa, de que me recordo, embora tenha passado algum tempo desde então; é só mesmo,... algum tempo.
Mas tal como a verdadeira família é aquela que escolhemos com o coração, também a nossa terra é aquela que o nosso ser adopta e sente como sua, por isso a minha terra é mais Lisboa que Estremoz.
Cresci numa família cheia de regras e valores, que me irritavam e me faziam na altura, um pouco contestatária e irreverente (nada de grave e muito ténue), mas viver com os avós nem sempre é facil e, os alguns anos da minha infância foram passados em casa dos meus.
Embora respeitasse o meu avô, na altura acho que era mesmo medo que sentia e, só adulta o aprendi a amar. Era dificil de entender aquele distanciamento de afectos, quando não tenho dúvida do muito que gostava de mim, pois fui a única neta (talvez por não ter mais nenhuma; os outros eram rapazes) a quem deu o "petit-non" de carochinha, embora não saiba a razão deste nome, a não ser que eta carinhoso. Deve ser por isso que a história da carocinha é ainda hoje uma da minhas preferidas. O que a minha filha ouviu essa história, revista, alterada, aumentada e comentada não passa pela cabeça de ninguém.
...e como é bom recordar e partilhar essas memórias.
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